Evolução

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

03/12/09 - Efeito Sanfona "nunca mais"




Mais da metade dos obesos que fazem a cirurgia de redução de estômago engorda novamente depois de alguns meses ou anos. Vários fatores contribuem para isso. O principal é a falta de acompanhamento psicológico e nutricional. Se a pessoa tiver compulsão por comida, vai continuar se entupindo de alimentos calóricos mesmo depois da cirurgia, em que o estômago é grampeado e apenas 10% dele fica ativo. Com tão pouco espaço para armazenar comida, é difícil comer dois pedaços de pizza sem sentir desconforto. Mas o indivíduo compulsivo encontra outras formas de burlar a limitação anatômica. Pode bebericar goles de leite condensado.

Outra razão que faz alguém voltar a engordar é cirúrgica. Pelo método mais comum, o “novo” estômago é ligado diretamente ao intestino, onde o alimento passa a ser digerido. Com o tempo, essa junção pode alargar. O paciente sente que o alimento passa com facilidade e começa a comer mais. Há um terceiro fator. Freqüentemente, os médicos instalam um anel de silicone na junção entre o estômago e o intestino. Ele produz um estreitamento que dificulta ainda mais a passagem dos alimentos. Em alguns casos, porém, ocorre uma erosão nessa área. O anel entra no novo estômago ou na alça intestinal. Quando isso acontece, a pessoa começa a sentir ânsia de vômito e mal-estar. O jeito é retirar o anel. Aí o paciente volta a engordar.

Tudo o que costuma ser oferecido a esses pacientes é outra cirurgia. É uma tentativa de preservar a vida dos obesos mórbidos, pessoas com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 (para calcular o índice, divida o peso pelo quadrado da altura). Para eles, o risco de morte por diabetes ou infarto é até sete vezes superior ao dos magros. Outros problemas reduzem sua expectativa de vida: osteoartrite, dificuldades respiratórias, depressão, hipertensão intracraniana, colesterol elevado, embolia pulmonar. Por isso, muitos médicos optam por reoperar os pacientes quando eles voltam a engordar. Não é uma decisão fácil. A operação dura três horas e o índice de mortalidade pode chegar a 10%.

Agora, parece ter surgido uma alternativa. Uma técnica menos arriscada de revisão da cirurgia de redução de estômago foi aprovada no ano passado pela FDA, a agência americana que regula remédios, procedimentos médicos e alimentos. O método, chamado Stomaphyx, acaba de ser lançado no Brasil pela empresa Orcimed.

Por meio de uma simples endoscopia, o cirurgião leva um aparelho até o novo estômago. Por sucção, a máquina produz pregas no interior do órgão e as costura com dezenas de minúsculos grampos de plástico. O material é inofensivo. Caso alguns grampos se desprendam com o passar do tempo, eles são eliminados do organismo sem causar problemas. Uma das vantagens do novo método é a rapidez: 20 minutos. Mas a principal é o fato de não produzir cortes. A recuperação é bem mais rápida. No dia seguinte, o paciente pode voltar ao trabalho. “A cirurgia está passando por uma nova revolução. Estamos entrando na era das operações feitas pelos orifícios naturais”, diz o cirurgião Sergio Roll, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Essa é uma tendência mundial. Já existe cirurgia sem cortes de apêndice ou vesícula biliar. Os instrumentos cirúrgicos são introduzidos pela boca ou pela vagina. “A nova técnica de revisão da cirurgia de redução de estômago não faz mágica”, diz Roll. “É uma forma menos agressiva de produzir a restrição gástrica que funciona como estímulo para comer menos e emagrecer.” A técnica é novidade no mundo todo. Apenas 500 pacientes foram submetidos a ela, 98% nos EUA. Para seu sucesso, é fundamental o apoio de médicos, psicólogos e nutricionistas. Quatro meses depois da operação, os pacientes perdem em média 30% do peso. Não é possível prever se o efeito será duradouro.

As duas primeiras brasileiras submetidas ao tratamento foram atendidas no fim de junho no Einstein. O método também está disponível em outros hospitais, como o Sírio-Libanês e o Oswaldo Cruz, em São Paulo, e o Vita Batel, em Curitiba. Dois meses depois da cirurgia, Aparecida está satisfeita. Evita subir na balança para não desencadear a ansiedade, que pode frustrar o emagrecimento. Percebe, no entanto, que as roupas ficaram folgadas. Come muito pouco e afirma não sentir fome. Está feliz por poder saborear um cardápio variado, embora em porções mínimas, sem passar mal. “Um mês depois da primeira cirurgia, era difícil comer. Desta vez foi mais fácil.”

A cirurgia por endoscopia custa R$ 10 mil. É indicada apenas para os pacientes que já fizeram a redução de estômago e voltaram a engordar. Mas o método está sendo aprimorado. No futuro, talvez possa ser a primeira escolha dos obesos mórbidos. Seja qual for a técnica adotada, a redução de estômago envolve mudanças radicais e deveria ser realizada apenas em obesos mórbidos – e não em pessoas com graus mais brandos de obesidade.


Fonte: Revista Época

2 comentários:

Fabíola Neves disse...

Gata,
Que post esclarecedor!!!
Amei!!!
Também sinto falta quando não entro nos blogs... fiquei mal acostumada!!!
E vc tá no meu rol de blogs prioritários pra olhar se eu não tiver muito tempo...
O meu retorno ao trabalho foi super legal, mas cheguei bem na loucura. Vai ter a festa da família amanhã e aí.... o povo tá todo de mal humor e eu cheguei de cabeça fria....mas tá valendo!!!hheheh
Beijinhos

Danny Mou disse...

Oi Grazi!
Parabéns pelo Blog. Já te adicionei na minha BlogRoll! ;o)
Beijos, Danny